domingo, 18 de maio de 2014

D. da Morgana

Depois de oito longos meses de vontade, de tesão, de palavras incansáveis, ontem, finalmente, eu e D. nos encontramos. Passei a tarde conversando com ele, tentando não mais adiar esse encontro, já que com a gente, tudo acontece. Quando finalmente acertamos tudo, perguntei se ele estava com medo, ele me disse q sim, mas q era de excitação, além de um frio na barriga enorme. Curiosamente, no momento em que eu tive certeza de q iria vê-lo, todas as minhas ansiedades se aquietaram e fui invadida por uma calma inexplicável, talvez, o sangue frio dos predadores...

Cheguei ao local combinado e ele já estava lá. Me recebeu do jeitinho q eu havia mandado, de blusa social, calça jeans desabotoada e descalço. Coloquei minha mochila de lado e quando o abracei, fui presenteada com o cheiro dele, que tá até agora no meu corpo. Ele beijou meus cabelos e me disse: "Hum..q cheiro bom". Depois, segurou meu rosto e me deu um beijo na boca, suave, gostoso, mas ao mesmo tempo carregado de toda essa vontade q nos consumia. Retribuí, agarrando os cabelos dele, e mordendo seus lábios, sem vontade nenhuma de sair dali, embora eu soubesse que coisas muito mais gostosas estavam por vir...

Tirei a venda e a algema da bolsa, coloquei nos olhos dele e subimos a escada. Nessa sala, mandei q ele se sentasse no chão e o algemei ao pé da cama, depois de desabotoar lentamente a sua camisa, e lamber seu peito. Ele tentava me beijar, oferecia os lábios e eu recuava, então ele disse "por favor, me beija". Não fui capaz de resistir à esse apelo, mais por egoísmo do q por bondade, já que seus beijos estavam me incendiando por dentro. O beijei mais uma vez, dei dois tapinhas no rosto dele e disse: "Agora você vai ficar aí."

Desci pra arrumar a sala em que passaríamos a noite. Naquele momento, olhando tudo ao meu redor, vestida com renda preta, senti medo. Na verdade, fui invadida pelo medo que me assombra desde que comecei a conversar com ele. Medo de pesar a mão, de machuca-lo, e assim, permitir que a realidade estrague toda a nossa fantasia.

Acendi as velas, e as dispus pelo chão. Acendi o incenso, tirei da bolsa os meus brinquedos e joguei no chão: cordas, chicote, mordaça, venda, algemas e prendedores de mamilo. Subi as escadas pra buscá-lo, e pude ver o quanto ele estava excitado, algemado à cama, de cabeça baixa. Abri as algemas, sentei na cama e ele, de pé, foi envolvido pelas minhas pernas. Disse que aproveitasse enquanto suas mãos estavam livres e ele segurou meus ombros, e foi descendo lentamente a alça da minha camisola de renda. Segurou meus seios, lambendo e chupando, com força, passando a língua quente pelos meus mamilos, acariciando e se esquecendo, deliciosamente, da sua condição de submisso. Naquele momento, não éramos domme e sub, e sim, homem e mulher. E foi nesse momento que ele me deu o primeiro presente da noite: Segurou as minhas mãos e disse, de um jeito firme e doce:"Eu confio em você".

Ao chegarmos à outra sala, ordenei q ele se ajoelhasse, e ele, lindamente, me ofereceu os pulsos juntinhos pra que u pudesse amarrar. Passei por eles uma algema de plástico e prendi, com força. Me coloquei atrás dele e passei metros e metros de cordas pelo seu corpo, prendendo as mãos e os pés... ele, indefeso no chão, gemia, resmungava, tentava falar, mas a mordaça colocada à sua boca não permitia. Eu sussurrei ao ouvido dele: "Sua palavra de segurança é casa". Ele assentiu com a cabeça e eu peguei a calcinha, passei pelo rosto dele perguntando se ele sabia o que era. Antes q ele me respondesse, abri sua boca e enfiei a calcinha pra abafar mais ainda suas vãs tentativas de protestar.

Ele ficou ali, deitado no chão, se debatendo e resmungando, choramingando e gemendo e eu, de pé, contemplava o meu menino, sentindo o tesão escorrer pelas minhas pernas. Peguei o chicote e passei por suas costas, num prelúdio do que vinha pela frente, e perguntei a ele se tinha valido a pena ser tão rebelde. Ele me disse q sim, e eu tive a castigá-lo por mais essa rebeldia. 

O som do chicote estalando no ar trazia à tona lembranças de um tempo em q eu nunca o largava. Fazia anos que eu não dominava, e na verdade, pareceu q não havia se passado um dia sequer. A voz sempre baixa, o sarcasmo, as provocações e meu companheiro inseparável, o sadismo, estavam ali, sorrindo a cada gemido de dor, a cada vez q ele se encolhia.

A visão dele nu, excitado, me despertava vontades diversas... Se por um lado era inadmissível um escravo de pau duro na presença da sua senhora, por outro, era extremamente prazeroso saber que era eu quem provocava aquilo. Eu o tocava, firme e vagarosamente, saboreando seus gemidos de prazer, seus suspiros, com as luvas de renda que tanto o haviam atraído. Perguntei a ele quantas vezes ele já havia fantasiado aquilo, disse q me desse um bom número, e ele me falou "Dez". Essa foi a quantidade de tapas na bunda q ele levou, com meus cinco dedos espalmados marcados nela. 

Ele ria, brat até o osso, dos tapas q levava. O amarrei de quatro e expus, vulnerável, aquela bunda q era só minha...Sussurrei ao ouvido dele: "Você tá aqui, D., pra ser a minha putinha." E desci o chicote, com força, enquanto ele contava os açoites e me agradecia, gemendo e gritando, com a calcinha na boca. Preguei-lhe uma peça: Perguntei quantas vezes ele já tinha comido a namorada pensando nisso, e ele, imaginando se tratar de novos castigos disse "doze". Então, segurei seu pau, duro e quente, latejante, e toquei, doze vezes, dizendo " que pena q foram só doze".

Ele dizia coisas incompreensíveis e então tirei sua mordaça... Ele disse "foram muitas, incontáveis, não tem como medir".   Soltei-o da cama e mandei que se ajoelhasse. Abri as pernas e segurei, firme, o seu cabelo, puxando a cabeça dele pra dentro de mim. Ele abriu a boca e chupou, devagarinho, saboreando meu gosto, mexendo a língua pra lá e pra cá, enquanto era a minha vez de gemer. Dei-lhe um beijo na boca, chupando a língua dele pra sentir o meu próprio gosto, agridoce, temperado de excitação e expectativa pelo que vinha pela frente. Mas a brincadeira tinha acabado e agora era a hora dele me dar o que eu mais queria. Sua angústia, desespero e dor, banhada nas suas doces lágrimas submissas.

Coloquei-o de pé, prendi a algema num ganchinho na parede e uni, pé esquerdo e mão direita num asymetric bondage. Coloquei os prendedores nos mamilos, e ele gemeu alto, dessa vez, de dor. Choramingava sistematicamente, gritava, e eu ouvia o q dava pra ouvir, o q não era abafado pela mordaça... Sussurrava humilhações e provocações ao seu ouvido, deixava a cera quente das celas derretidas queimarem suas costas, e a cada gota que pingava, mais alto ele gritava. Esperei, em vão, pela safeword que ele não falou... Quando percebi seus sinais, tirei a mordaça e ele me disse "por favor, não aguento mais".

Tirei os prendedores dos mamilos, a venda, soltei a algema q suspendia a mão, e desatei, calmamente os nós q prendiam a outra mão à perna. Ele ainda choramingava, e quando se colocou diante de mim, soltou o choro. Me deu, naquele momento, o q eu mais queria: suas lágrimas. Vê-lo assim, tão entregue e vulnerável, foi o meu momento de redenção como domme. Estava ali, resumidos, os oito meses de palavras infinitas, sedução mútua e desejos impublicáveis. Estava ali, o meu menino, que me chamava de "Minha Senhora". Estava ali, o homem que eu tanto havia desejado subjugar.

O aftercare com ele durou o resto da noite. Abracei, deitei ele no meu colo, acariciei o corpo dele com as mãos, com a boca, enlacei minhas pernas na dele, e deixei que ele pensasse, em silêncio, sobre tudo o q acabara de acontecer. Conversamos, ele expôs suas frustrações, e me disse, erradamente, que havia me frustrado em alguns aspectos. Talvez eu não tenha dito as palavras certas naquele momento, mas a hora q ele ler isso aqui vai entender, o quão perfeito ele foi. Me deu tudo o que eu quis. Talvez eu é que o tenha frustrado, avançando demais nos limites dele. Acabei por correr na estrada em que devemos andar, contrariando o que eu sempre disse.

Deitados, ele me dizia o quanto meu cheiro era bom. Mexendo no meu cabelo, dormimos. Um instante depois, ele disse: "Acordei com esse Poison no meu nariz. Enebriante o cheiro da Minha Senhora". Passamos o resto da noite ouvindo música, falando bobagens e rindo. Quando eu disse q tinha aberto exceção da minha "aposentadoria" pra ele e somente ele, me respondeu: "Eu também não quero ser dominado por mais ninguém. Não vou encontrar ninguém como você."

D., meu menino. Ainda há muito o q ser vivido por nós dois. A escolha, sempre foi e sempre será tua. Eu só estou aqui pra te conduzir. Levei comigo a vontade de anos e anos guardada e trouxe de volta a tua presença, o teu cheiro, o teu gosto. E não importa como isso vai se manter, ou se não vai. O que importa é que a tua voz, dizendo "Minha Senhora" e a visão de você ajoelhado, formam um dos quadros mais bonitos que eu já pintei.

Um comentário:

  1. Intenso, profundo, instigante, fascinante. Me imagino nessa situação sra. Aprendendo com seus desejos , em como satisfazêlos e ávido por ser o depositário das formas mais profundas, intensas e avassaladoras do seu gozo .
    johnbt79

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